A Tesla recentemente implementou cortes agressivos de preços na China e na Alemanha, seguindo uma redução de preços nos Estados Unidos, em meio a um contexto de queda nas vendas e aumento da competição nos principais mercados de veículos elétricos (EV).

No domingo (21), a montadora reduziu os preços iniciais de quatro modelos vendidos na China continental em 14.000 yuans (US$ 1.932). O Modelo Y, o mais vendido da empresa no país, agora tem seu preço inicial mais baixo da história, 249.900 yuans (US$ 34.502).

Na Alemanha, o maior mercado da Tesla na Europa, o preço do Modelo 3 com tração traseira também foi reduzido em 2.000 euros (2.132 dólares), para 40.990 euros (43.707 dólares), de acordo com o site oficial da empresa.

Os primeiros cortes foram anunciados na sexta-feira (19) nos EUA, com reduções nos preços de três dos cinco modelos. Os preços do Modelo Y, Modelo X e Modelo S foram reduzidos em US$ 2.000 cada, enquanto os do Modelo 3 e do Cybertruck permaneceram inalterados.

Qual o motivo da redução do preço dos veículos da Tesla?

Essa onda de cortes ocorre num momento difícil para a Tesla. Suas ações caíram mais de 40% este ano, após uma queda nas entregas trimestrais pela primeira vez em quase quatro anos e anúncios de cortes de empregos equivalentes a mais de 10% de seu pessoal global.

No sábado, o CEO Elon Musk adiou sua viagem planejada à Índia, citando obrigações “muito pesadas” na empresa. Ele deveria visitar o país esta semana, incluindo um encontro com o primeiro-ministro Narendra Modi e a confirmação da construção de uma fábrica no país mais populoso do mundo.

Na China, o maior mercado de veículos elétricos do mundo, espera-se que os cortes de preços da Tesla intensifiquem uma guerra de preços num setor altamente competitivo.

Na segunda-feira, a fabricante chinesa Li Auto, liderada pelo bilionário Li Xiang, anunciou reduções de preços em todos os seus quatro modelos. Seu Li Mega, que se autoproclama o maior veículo elétrico de passageiros do mundo, agora é vendido por 30.000 yuans (US$ 4.142) a menos.

A concorrência já era acirrada para a empresa americana na China. Ela foi temporariamente superada pela chinesa BYD como a marca de veículos elétricos mais vendida do mundo no quarto trimestre do ano passado. Os carros da BYD são mais acessíveis em comparação com os da Tesla.

Crescimento da BYD

A entrada da BYD no mercado de veículos elétricos foi marcada por um impacto significativo, desafiando diretamente a Tesla como uma forte concorrente. A empresa chinesa rapidamente ganhou destaque ao oferecer carros elétricos mais acessíveis, como o hatchback Seagull, que foi lançado com um preço inicial competitivo.

Essa estratégia atraiu uma base de consumidores que buscavam opções mais econômicas sem comprometer a qualidade e o desempenho. Com uma presença estabelecida na China e uma crescente expansão internacional, a BYD emergiu como uma força a ser reconhecida no cenário dos veículos elétricos, desafiando o domínio anteriormente incontestável da Tesla e contribuindo para a intensificação da competição no mercado global de EVs.

A guerra de preços de EV na China teve início em outubro de 2022, quando a Tesla cortou os preços para estimular as vendas em meio a uma economia desacelerada. A maioria dos grandes fabricantes, incluindo os de veículos a gasolina, seguiram o exemplo, afetando as margens de lucro de toda a indústria automobilística.

Em 2024, a concorrência continua forte, com mais de 30 grandes fabricantes de automóveis anunciando novas reduções de preços.

Na sexta-feira, a XPeng, fabricante chinesa de veículos elétricos, anunciou 500 milhões de yuans (US$ 69 milhões) em subsídios para compradores de quatro de seus modelos.

Em março, a BYD reduziu o preço inicial de seu EV mais acessível, o hatchback Seagull, em 5%, para 69.800 yuans (US$ 9.670). Mais tarde naquele mês, a Xiaomi, fabricante de smartphones, também entrou na competição de EV ao lançar seu sedã SU7 para rivalizar com a Tesla.